RELATO DE EXPERIÊNCIA - MARLUCE ANDRADE
Relato de experiência
Marluce de Andrade
Uma aula sobre gêneros e tipos textuais
Desafio,luta,paciência...tudo isso e muito mais.
Tumulto,conversa e reclamação,fazem parte do cotidiano escolar
Desistir não posso nunca,a tarefa tenho que abraçar.
O trabalho para ser bem feito
Exige tempo,paciência e respeito
Respeito as diferenças de habilidades e tempo
Contando todos com meu pronto atendimento.
A aula já começou,as intruções já foram passadas
Mas grande parte da turma ainda está alvoroçada.
Um fala daqui,outro reclama dali:
-Que diabo de receita que não dá rima perfeita!
Alguns dizem que só invento moda, dificultando a vida deles
Não sabendo que depois vem a sessão dos prazeres.
Prazer de ver resultados, ver o que a turma produziu.
Cada um lê seu texto, mostra que conseguiu.
Os risos são inevitáveis, tem receita de tudo que é jeito
Tem receita culinária e até pra conquistar amor perfeito.
- Professora, olha o meu! todos querem me mostrar
A sirene bate lá fora. Graças à Deus, vou - me embora,
Já não posso aguentar.
Vou para casa um "bagaço", já não ando, quase arrasto
Meu dever foi cumprido? Com certeza, não duvido,
Posso agora descansar.
Durmo o sono dos justos, com a certeza que a trabalheira não foi em vão
Penso logo nas carinhas que me sorriem desde o portão.
Professor não é sinônimo de sálario digno e reconhecimento
Mas a luta continua,a lapidação não pode parar
Meu aluno é instrumento de esperança e crescimento.
-Deus , me ajude! Clamo a todo momento, não posso desanimar!
Marluce de Andrade
Uma aula sobre gêneros e tipos textuais
Desafio,luta,paciência...tudo isso e muito mais.
Tumulto,conversa e reclamação,fazem parte do cotidiano escolar
Desistir não posso nunca,a tarefa tenho que abraçar.
O trabalho para ser bem feito
Exige tempo,paciência e respeito
Respeito as diferenças de habilidades e tempo
Contando todos com meu pronto atendimento.
A aula já começou,as intruções já foram passadas
Mas grande parte da turma ainda está alvoroçada.
Um fala daqui,outro reclama dali:
-Que diabo de receita que não dá rima perfeita!
Alguns dizem que só invento moda, dificultando a vida deles
Não sabendo que depois vem a sessão dos prazeres.
Prazer de ver resultados, ver o que a turma produziu.
Cada um lê seu texto, mostra que conseguiu.
Os risos são inevitáveis, tem receita de tudo que é jeito
Tem receita culinária e até pra conquistar amor perfeito.
- Professora, olha o meu! todos querem me mostrar
A sirene bate lá fora. Graças à Deus, vou - me embora,
Já não posso aguentar.
Vou para casa um "bagaço", já não ando, quase arrasto
Meu dever foi cumprido? Com certeza, não duvido,
Posso agora descansar.
Durmo o sono dos justos, com a certeza que a trabalheira não foi em vão
Penso logo nas carinhas que me sorriem desde o portão.
Professor não é sinônimo de sálario digno e reconhecimento
Mas a luta continua,a lapidação não pode parar
Meu aluno é instrumento de esperança e crescimento.
-Deus , me ajude! Clamo a todo momento, não posso desanimar!
TECENDO PALAVRAS, PALAVRAS
Tecer é... também brincar com as palavras
Brincando com teia tecendo tecido
Brincando com palavras tecendo textos
É compor, coordenar, tramar
Organizar, preparar
Dar sentido ao novo sentido
Dizendo uma coisa para dizer outra
É construir o texto no contexto
É sentir o sabor e o saber delas
É pegá – las e não deixá-las no tempo
É encontrar para cada uma o seu momento
Vamos também tecendopalavraspalavras...?
Edenirce Maria
Brincando com teia tecendo tecido
Brincando com palavras tecendo textos
É compor, coordenar, tramar
Organizar, preparar
Dar sentido ao novo sentido
Dizendo uma coisa para dizer outra
É construir o texto no contexto
É sentir o sabor e o saber delas
É pegá – las e não deixá-las no tempo
É encontrar para cada uma o seu momento
Vamos também tecendopalavraspalavras...?
Edenirce Maria
MEMORIAL
INTRODUÇÃO
"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino". (Paulo Freire)
As ideias de Paulo Freire me remetem ao passado, ainda presente, da minha vida profissional. Busco essa inquietude para crescimento próprio; não me contento com o que aprendi enquanto aluna, procuro elevar meus conhecimentos pouco a pouco, mas sempre, com intuito de aprender para ensinar. Penso que os estudos não devem ser apagados, pois são eles o segredo do meu crescimento, a construção da minha história, reflexo dessa busca incessante.
No campo profissional, construí uma imagem direcionada para vários caminhos; sei que incomodei vários olhares, inquietei minha alma, mas consegui traçar meu perfil profissional. Estou me moldando através de experiências positivas e negativas, com os outros e comigo mesma. Pretendo com isso dar respostas ao projeto de vida que sempre sonhei e construí a minha história.
Quem não tem uma história para contar? Todo mundo tem. Nossa vida é uma história e Histórias nos falam de trajetórias, verdades intoleráveis, rupturas e continuidades e muitas felicidades também; é quando tecemos histórias dos outros, para os outros e de nós mesmos.
Segundo Neto (2006) “as histórias de tradição oral podem ajudar um grupo a criar uma identidade, dar às pessoas um sentimento de conforto e lealdade e ajudá-las a entender seus processos de mudança. As identificações com aquilo que é contado, de forma inconsciente, podem, num segundo momento, tornar as pessoas conscientes de suas potencialidades e também de seus pontos fracos. Ao final, o que se vê são descobertas, caminhos de individualização e crescimento.” (p.12).
Muito além dos muros da Universidade, tenho ainda sede do conhecimento, pois acredito que, quem educa vê o mundo com as diversidades presentes, dia a dia. Então há uma necessidade constante de construir e reconstruir.
Esse memorial me permite fazer um retrospecto de minha trajetória docente. Nasci em Coronel Fabriciano, recebi de herança de meus pais a coragem, a dignidade e a educação. Tenho uma família estruturada e feliz. Aos 18 anos, senti pulsar um forte desejo de me entregar a um trabalho que me desse frutos e que me tornasse uma pessoa melhor.
O ano de 1985 foi marcante em minha vida devido aos grandes desafios que se aproximavam de mim; meu pai sofreu um acidente de carro e ficou deficiente, minha mãe não suportou e entrou em depressão profunda, meus seis irmãos mais velhos se casaram , eu e mais duas irmãs ficamos responsáveis pela casa e por meus pais.
Era o auge da liberdade de expressão; lembro-me do país voltado para as reivindicações, os jovens em busca de seus sonhos. Eu fazia parte desse grupo e queria um novo caminho. Era momento de escolher a universidade e para isso contei com a orientação das professoras Rosalva e Maria Tereza, da Escola Estadual “Alberto Giovannini”, onde cursei o Magistério.
Assim me tornei educadora, acreditando no futuro, nos homens.
Diante disso, as palavras do filósofo Antônio Gramsci me fazem refletir, “as indagações sobre o homem marcam nossa reflexão sobre nós mesmos e sobre os outros, sobre o que queremos saber, e em relação ao que pensamos, ao que vimos e vivemos”.
Por isso, faço do diálogo a marca na minha formação; sinto – me impulsionada a acreditar que "tudo vale a pena, se alma não é pequena"; “ que querer é poder”.
2. FORMAÇÃO ACADÊMICA:
Em 1986 ingressei-me no curso de Português / Francês, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caratinga- MG. Tinha convicção do curso que queria.
Encontrei muitos obstáculos: o curso era em outra cidade e precisava de um trabalho para custear minhas despesas. Consegui meu primeiro emprego na Prefeitura Municipal de Coronel Fabricano; ganhava salário mínimo, o que era destinado somente às mensalidades da Faculdade. Para chegar até lá, contava com caronas. Licenciei-me em Letras, no ano de 1989. Sentia necessidade de me aperfeiçoar para me adequar às novas exigências do mercado. Tinha olhar e desejo de águia. Foi então que em 1992, iniciei minha especialização em Língua Portuguesa e suas Literaturas.
Dedico–me aos estudos nesta área, pois tenho consciência de que só com os conhecimentos adquiridos na faculdade ficarei parada no tempo.
3. REFLEXÕES PEDAGÓGICAS:
Escola é ...
O lugar que se faz amigos.
Não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo gente
Gente que trabalha, que estuda
Que se alegra, se conhece, se estima”. (Paulo Freire)
Fui impulsionada, no início da minha docência, com a riqueza desses versos de Paulo Freire, idealizei minha prática pedagógica, tracei a rota, me alegrei várias vezes com eles e também me decepcionei. Fiz grandes amigos e conquistei vários colegas. Aprendi a conviver com as diferenças e a trabalhar de acordo com a realidade em que estou inserida.
Acredito que o espaço escolar é o palco das relações entre pessoas, cultura e cotidiano, devendo romper a cada dia com a lógica transmissiva, que insiste em vê-lo apenas como lugar de instrução, de reprodução de dogmas e estigmas.
Sei que as estratégias educacionais devem possibilitar o intercâmbio entre a experiência do aluno, com o saber produzido pela sociedade, e favorecer o desenvolvimento da capacidade de superar esse saber, viabilizando a construção do conhecimento. Neste contexto, a apropriação do conhecimento disponível requer uma atitude positiva, construtiva, criativa e crítica por parte do educador e do educando porque a produção de conhecimento se constrói a partir da relação entre sujeito e a pluralidade da realidade.
Vivencio sempre momentos especiais na escola onde trabalho, repensando ações, organizações, concepções, pois a escola não está estacionada num espaço de tempo; ela é dinâmica, inclusiva.
A reconstrução da identidade do educador, sua nova postura, é o alvo da situação. Repensar a prática pedagógica, reconhecer a diversidade cultural na instituição escolar, construir sua identidade como educador é um grande passo para resgatar a sala de aula como espaço público.
Entendo que a nova prática pedagógica deve se basear no diálogo constante entre a realidade vivida e a realidade passada, abolindo os conhecimentos prontos e acabados, viabilizando a reflexão, o debate, o questionamento da realidade, facilitando a compreensão e interpretação dos fatos.
Essas reflexões fazem a diferença na área de Códigos e Linguagens porque a Língua está em constante mudança, a exemplo disso, o Acordo Ortográfico já em vigor: “As palavras caem como folhas secas.” (Ledo Ivo)
Para aprender e ensinar a Língua Portuguesa, é preciso considerar que o educando já usa o idioma cotidianamente, já domina pelo menos uma variedade dessa língua e que é necessário expandir sua capacidade de uso, estimulando o desenvolvimento das habilidades de se comunicar em diferentes gêneros de discursos.
Sendo assim, o educador deve ter clareza do que pretende ensinar ter consciência do público a quem ensina e para que ensinar, respeitando o ritmo de aprendizagem de cada educando, selecionando os conteúdos em função dos objetivos do projeto educativo da escola.
4. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
As reflexões pedagógicas esclarecem minha prática profissional construída ao longo de 24 anos de trabalho efetivo na rede municipal e 22 na rede estadual de ensino.
Atuei como professora de Jovens e Adultos no antigo Mobral, antes da minha formação acadêmica. Nessa época, aprendi a trabalhar de acordo com as necessidades dos educandos e da comunidade onde estavam inseridos. Conheci a “palavra geradora” apresentada nas cartilhas e hoje criticada por muitos educadores. Desconhecia a terminologia Gêneros textuais, conforme propõe Bakhtin, mas direcionava minhas aulas valorizando a leitura e a escrita dentro de um sentido e do contexto de produção.
Na educação infantil vivenciei, recuperei o imaginário infantil que ainda se escondia em mim, Nesse período, cursava a Faculdade e trabalhava com jornada dupla nas escolas municipais: “ Otávio Cupertino dos Reis” e “ Joaquim de Ávila Neto”, nessa trabalhei com a pré - escola, minha sala de aula era a varanda da vizinha da escola.
Era momento de aplicar o que havia aprendido na Faculdade. Fui convidada pela Supervisora Terezinha Carvalho a lecionar Língua Portuguesa para as séries finais do Ensino Fundamental na Escola M. “Nicanor Ataíde”. Lecionei durante 09 anos para as 5as séries; aplicava as reflexões já citadas, tinha prazer em sair da minha casa para trabalhar. Dessa escola, guardo todos os versos de Paulo Freire: “ Escola é...” . Planejava minhas aulas, lembrando- me de cada aluno. Tínhamos o cantinho de Literatura, Leitura em rodas, músicas para ensinar os conteúdos significativos, Festas Culturais, Dramatizações no pátio, Festas da Comunidade, construção coletiva de um livro de literatura envolvendo a linguagem, o discurso dos textos lidos em classe. Isso tudo me encantava. Nesse estabelecimento fui valorizada, respeitada e muito feliz.
Os anos 90 me reservariam muitas surpresas pessoais e profissionais, casamento, maternidade, falecimento de meu pai. A necessidade de conciliar esse novo contexto me fez decidir mudar da amada Nicanor para a E. M. “ Argeu Brandão”. Fui recebida com muito carinho, mas aquele espaço parecia não ser meu. Sentia-me várias vezes uma intrusa, um peixe fora d´agua. Superei tudo demonstrando meu carinho, preocupação e prendi amar todos . Apliquei com afinco todas as minhas experiências adquiridas. Nessa época, a educação já apresentava sinais de alerta, fazia mais leituras, estudos para atender as necessidades de leitura e escrita apresentadas por muitos alunos das 8ª séries.
Foi nessa escola que apliquei os conhecimentos adquiridos através de leituras de Magda Becker Soares, doutora em educação, e Bakhtin com sua teoria da enunciação. Participei de Projetos elaborados coletivamente, visando dar uma melhor qualidade de vida e de ensino para aqueles alunos e construí também alguns que atendessem às dificuldades já citadas. Ressalto os Projetos: “LER É UM PRAZER, ESCREVER TAMBÉM”, “O PEQUENO POETA”, “LER E COÇAR É SÓ COMEÇAR”, “AS HQS”, “CONTOS MARAVILHOSOS”, “A MAGIA DO ESPELHO”, “LENDAS URBANAS”, “O JORNAL NA SALA DE AULA”, "DENGUE". Na elaboração de tais projetos, levei em consideração a contextualização, o contexto de produção, a circulação, a recepção, a organização temática, os efeitos de sentidos, a enunciação, as vozes do discurso, intertextualidade e os critérios de seleção de conteúdo.
No Ensino Médio, realizei outros projetos envolvendo o domínio de leitura e de escrita. Vale a pena ressaltar alguns: “Poesia Palaciana”, Os Gêneros e os Discursos”, “Oficinas de Textos Poéticos”, “O texto teatral”, “A poesia de Cordel”, “O Jornal na Sala de Aula”, “Texto e Discurso”, Oficina de Produção textual: O discurso argumentativo, o Cartaz na sala de Aula : Giovannini vivenciando valores.
De 2000 a 2002, atuei como Coordenadora Pedagógica da Escola M.“Argeu Brandão”, acompanhei o desenvolvimento do ensino e aprendizagem das séries finais do Ensino Fundamental e colaborei na construção de um Jornal da Escola, denominado “ Escola Sempre”, que tinha o objetivo de divulgar os trabalhos realizados na instituição.
Em 2004, fui convidada pela Secretária Municipal, Maria Esméria, para coordenar a Educação de Jovens e Adultos, na E.E. “Francisco Letro”, anexo da E. M. “Argeu Brandão”. Durante os 04 meses que trabalhei, acompanhei o desenvolvimento de Projetos em desenvolvimento, o ensino e aprendizagem dos educandos. O tempo foi muito curto para que pudesse elaborar e estruturar um novo projeto de trabalho.
Em 2007, ministrei uma palestra, no Centro de Arte de Coronel Fabriciano, aos alunos da Escola Estadual “Geraldo Perlingeiro de Abreu”, com o tema: Gêneros textuais.
Em 2008, participei das Olimpíadas da Língua Portuguesa; Escrevendo o Futuro, cujo tema era O Lugar Onde Vivo. Tive aprovação municipal nos dois níveis de ensino, Fundamental e Médio. O tema era o mesmo, mas o gênero se diferenciou em POEMA e ARTIGO DE OPINIÃO.
Atualmente leciono Língua Portuguesa na Educação de Jovens e Adultos e no Ensino Médio e Informática Aplicada à Educação Infantil para o Curso Normal.
As citações abaixo concluem minha trajetória profissional e me impulsiona a seguir sempre em frente:
"Tão importante quanto o que se ensina e se aprende é como se ensina e como se aprende". (César Coll)
5. BIBLIOGRAFIA:
BAKHTIN, M. Estética da Criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
SOARES, M. B. Linguagem e Escola: Uma Perspectiva Social. São Paulo: Ática, 1985.
VASCONCELLOS, C. S. Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação. 8 ed. São Paulo: Liberdade, 2001. 205 p. (Coleção subsídios pedagógicos, v. 1)
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários á prática educativa. São Paulo: Paz terra, 1996.
COSCARELLI,Carla Viana. Novas tecnologias, novos textos, novas formas de pensar. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
PRETI, Dino (Org.). Fala e escrita em questão. 2.ed. São Paulo: Humanitas.
FÁVERO, Leonor Lopes, ANDRADE, Maria Lúcia C.V.O., AQUINO, Zilda G.O. Oralidade e escrita: perspectivas para a língua materna. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino". (Paulo Freire)
As ideias de Paulo Freire me remetem ao passado, ainda presente, da minha vida profissional. Busco essa inquietude para crescimento próprio; não me contento com o que aprendi enquanto aluna, procuro elevar meus conhecimentos pouco a pouco, mas sempre, com intuito de aprender para ensinar. Penso que os estudos não devem ser apagados, pois são eles o segredo do meu crescimento, a construção da minha história, reflexo dessa busca incessante.
No campo profissional, construí uma imagem direcionada para vários caminhos; sei que incomodei vários olhares, inquietei minha alma, mas consegui traçar meu perfil profissional. Estou me moldando através de experiências positivas e negativas, com os outros e comigo mesma. Pretendo com isso dar respostas ao projeto de vida que sempre sonhei e construí a minha história.
Quem não tem uma história para contar? Todo mundo tem. Nossa vida é uma história e Histórias nos falam de trajetórias, verdades intoleráveis, rupturas e continuidades e muitas felicidades também; é quando tecemos histórias dos outros, para os outros e de nós mesmos.
Segundo Neto (2006) “as histórias de tradição oral podem ajudar um grupo a criar uma identidade, dar às pessoas um sentimento de conforto e lealdade e ajudá-las a entender seus processos de mudança. As identificações com aquilo que é contado, de forma inconsciente, podem, num segundo momento, tornar as pessoas conscientes de suas potencialidades e também de seus pontos fracos. Ao final, o que se vê são descobertas, caminhos de individualização e crescimento.” (p.12).
Muito além dos muros da Universidade, tenho ainda sede do conhecimento, pois acredito que, quem educa vê o mundo com as diversidades presentes, dia a dia. Então há uma necessidade constante de construir e reconstruir.
Esse memorial me permite fazer um retrospecto de minha trajetória docente. Nasci em Coronel Fabriciano, recebi de herança de meus pais a coragem, a dignidade e a educação. Tenho uma família estruturada e feliz. Aos 18 anos, senti pulsar um forte desejo de me entregar a um trabalho que me desse frutos e que me tornasse uma pessoa melhor.
O ano de 1985 foi marcante em minha vida devido aos grandes desafios que se aproximavam de mim; meu pai sofreu um acidente de carro e ficou deficiente, minha mãe não suportou e entrou em depressão profunda, meus seis irmãos mais velhos se casaram , eu e mais duas irmãs ficamos responsáveis pela casa e por meus pais.
Era o auge da liberdade de expressão; lembro-me do país voltado para as reivindicações, os jovens em busca de seus sonhos. Eu fazia parte desse grupo e queria um novo caminho. Era momento de escolher a universidade e para isso contei com a orientação das professoras Rosalva e Maria Tereza, da Escola Estadual “Alberto Giovannini”, onde cursei o Magistério.
Assim me tornei educadora, acreditando no futuro, nos homens.
Diante disso, as palavras do filósofo Antônio Gramsci me fazem refletir, “as indagações sobre o homem marcam nossa reflexão sobre nós mesmos e sobre os outros, sobre o que queremos saber, e em relação ao que pensamos, ao que vimos e vivemos”.
Por isso, faço do diálogo a marca na minha formação; sinto – me impulsionada a acreditar que "tudo vale a pena, se alma não é pequena"; “ que querer é poder”.
2. FORMAÇÃO ACADÊMICA:
Em 1986 ingressei-me no curso de Português / Francês, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caratinga- MG. Tinha convicção do curso que queria.
Encontrei muitos obstáculos: o curso era em outra cidade e precisava de um trabalho para custear minhas despesas. Consegui meu primeiro emprego na Prefeitura Municipal de Coronel Fabricano; ganhava salário mínimo, o que era destinado somente às mensalidades da Faculdade. Para chegar até lá, contava com caronas. Licenciei-me em Letras, no ano de 1989. Sentia necessidade de me aperfeiçoar para me adequar às novas exigências do mercado. Tinha olhar e desejo de águia. Foi então que em 1992, iniciei minha especialização em Língua Portuguesa e suas Literaturas.
Dedico–me aos estudos nesta área, pois tenho consciência de que só com os conhecimentos adquiridos na faculdade ficarei parada no tempo.
3. REFLEXÕES PEDAGÓGICAS:
Escola é ...
O lugar que se faz amigos.
Não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo gente
Gente que trabalha, que estuda
Que se alegra, se conhece, se estima”. (Paulo Freire)
Fui impulsionada, no início da minha docência, com a riqueza desses versos de Paulo Freire, idealizei minha prática pedagógica, tracei a rota, me alegrei várias vezes com eles e também me decepcionei. Fiz grandes amigos e conquistei vários colegas. Aprendi a conviver com as diferenças e a trabalhar de acordo com a realidade em que estou inserida.
Acredito que o espaço escolar é o palco das relações entre pessoas, cultura e cotidiano, devendo romper a cada dia com a lógica transmissiva, que insiste em vê-lo apenas como lugar de instrução, de reprodução de dogmas e estigmas.
Sei que as estratégias educacionais devem possibilitar o intercâmbio entre a experiência do aluno, com o saber produzido pela sociedade, e favorecer o desenvolvimento da capacidade de superar esse saber, viabilizando a construção do conhecimento. Neste contexto, a apropriação do conhecimento disponível requer uma atitude positiva, construtiva, criativa e crítica por parte do educador e do educando porque a produção de conhecimento se constrói a partir da relação entre sujeito e a pluralidade da realidade.
Vivencio sempre momentos especiais na escola onde trabalho, repensando ações, organizações, concepções, pois a escola não está estacionada num espaço de tempo; ela é dinâmica, inclusiva.
A reconstrução da identidade do educador, sua nova postura, é o alvo da situação. Repensar a prática pedagógica, reconhecer a diversidade cultural na instituição escolar, construir sua identidade como educador é um grande passo para resgatar a sala de aula como espaço público.
Entendo que a nova prática pedagógica deve se basear no diálogo constante entre a realidade vivida e a realidade passada, abolindo os conhecimentos prontos e acabados, viabilizando a reflexão, o debate, o questionamento da realidade, facilitando a compreensão e interpretação dos fatos.
Essas reflexões fazem a diferença na área de Códigos e Linguagens porque a Língua está em constante mudança, a exemplo disso, o Acordo Ortográfico já em vigor: “As palavras caem como folhas secas.” (Ledo Ivo)
Para aprender e ensinar a Língua Portuguesa, é preciso considerar que o educando já usa o idioma cotidianamente, já domina pelo menos uma variedade dessa língua e que é necessário expandir sua capacidade de uso, estimulando o desenvolvimento das habilidades de se comunicar em diferentes gêneros de discursos.
Sendo assim, o educador deve ter clareza do que pretende ensinar ter consciência do público a quem ensina e para que ensinar, respeitando o ritmo de aprendizagem de cada educando, selecionando os conteúdos em função dos objetivos do projeto educativo da escola.
4. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
As reflexões pedagógicas esclarecem minha prática profissional construída ao longo de 24 anos de trabalho efetivo na rede municipal e 22 na rede estadual de ensino.
Atuei como professora de Jovens e Adultos no antigo Mobral, antes da minha formação acadêmica. Nessa época, aprendi a trabalhar de acordo com as necessidades dos educandos e da comunidade onde estavam inseridos. Conheci a “palavra geradora” apresentada nas cartilhas e hoje criticada por muitos educadores. Desconhecia a terminologia Gêneros textuais, conforme propõe Bakhtin, mas direcionava minhas aulas valorizando a leitura e a escrita dentro de um sentido e do contexto de produção.
Na educação infantil vivenciei, recuperei o imaginário infantil que ainda se escondia em mim, Nesse período, cursava a Faculdade e trabalhava com jornada dupla nas escolas municipais: “ Otávio Cupertino dos Reis” e “ Joaquim de Ávila Neto”, nessa trabalhei com a pré - escola, minha sala de aula era a varanda da vizinha da escola.
Era momento de aplicar o que havia aprendido na Faculdade. Fui convidada pela Supervisora Terezinha Carvalho a lecionar Língua Portuguesa para as séries finais do Ensino Fundamental na Escola M. “Nicanor Ataíde”. Lecionei durante 09 anos para as 5as séries; aplicava as reflexões já citadas, tinha prazer em sair da minha casa para trabalhar. Dessa escola, guardo todos os versos de Paulo Freire: “ Escola é...” . Planejava minhas aulas, lembrando- me de cada aluno. Tínhamos o cantinho de Literatura, Leitura em rodas, músicas para ensinar os conteúdos significativos, Festas Culturais, Dramatizações no pátio, Festas da Comunidade, construção coletiva de um livro de literatura envolvendo a linguagem, o discurso dos textos lidos em classe. Isso tudo me encantava. Nesse estabelecimento fui valorizada, respeitada e muito feliz.
Os anos 90 me reservariam muitas surpresas pessoais e profissionais, casamento, maternidade, falecimento de meu pai. A necessidade de conciliar esse novo contexto me fez decidir mudar da amada Nicanor para a E. M. “ Argeu Brandão”. Fui recebida com muito carinho, mas aquele espaço parecia não ser meu. Sentia-me várias vezes uma intrusa, um peixe fora d´agua. Superei tudo demonstrando meu carinho, preocupação e prendi amar todos . Apliquei com afinco todas as minhas experiências adquiridas. Nessa época, a educação já apresentava sinais de alerta, fazia mais leituras, estudos para atender as necessidades de leitura e escrita apresentadas por muitos alunos das 8ª séries.
Foi nessa escola que apliquei os conhecimentos adquiridos através de leituras de Magda Becker Soares, doutora em educação, e Bakhtin com sua teoria da enunciação. Participei de Projetos elaborados coletivamente, visando dar uma melhor qualidade de vida e de ensino para aqueles alunos e construí também alguns que atendessem às dificuldades já citadas. Ressalto os Projetos: “LER É UM PRAZER, ESCREVER TAMBÉM”, “O PEQUENO POETA”, “LER E COÇAR É SÓ COMEÇAR”, “AS HQS”, “CONTOS MARAVILHOSOS”, “A MAGIA DO ESPELHO”, “LENDAS URBANAS”, “O JORNAL NA SALA DE AULA”, "DENGUE". Na elaboração de tais projetos, levei em consideração a contextualização, o contexto de produção, a circulação, a recepção, a organização temática, os efeitos de sentidos, a enunciação, as vozes do discurso, intertextualidade e os critérios de seleção de conteúdo.
No Ensino Médio, realizei outros projetos envolvendo o domínio de leitura e de escrita. Vale a pena ressaltar alguns: “Poesia Palaciana”, Os Gêneros e os Discursos”, “Oficinas de Textos Poéticos”, “O texto teatral”, “A poesia de Cordel”, “O Jornal na Sala de Aula”, “Texto e Discurso”, Oficina de Produção textual: O discurso argumentativo, o Cartaz na sala de Aula : Giovannini vivenciando valores.
De 2000 a 2002, atuei como Coordenadora Pedagógica da Escola M.“Argeu Brandão”, acompanhei o desenvolvimento do ensino e aprendizagem das séries finais do Ensino Fundamental e colaborei na construção de um Jornal da Escola, denominado “ Escola Sempre”, que tinha o objetivo de divulgar os trabalhos realizados na instituição.
Em 2004, fui convidada pela Secretária Municipal, Maria Esméria, para coordenar a Educação de Jovens e Adultos, na E.E. “Francisco Letro”, anexo da E. M. “Argeu Brandão”. Durante os 04 meses que trabalhei, acompanhei o desenvolvimento de Projetos em desenvolvimento, o ensino e aprendizagem dos educandos. O tempo foi muito curto para que pudesse elaborar e estruturar um novo projeto de trabalho.
Em 2007, ministrei uma palestra, no Centro de Arte de Coronel Fabriciano, aos alunos da Escola Estadual “Geraldo Perlingeiro de Abreu”, com o tema: Gêneros textuais.
Em 2008, participei das Olimpíadas da Língua Portuguesa; Escrevendo o Futuro, cujo tema era O Lugar Onde Vivo. Tive aprovação municipal nos dois níveis de ensino, Fundamental e Médio. O tema era o mesmo, mas o gênero se diferenciou em POEMA e ARTIGO DE OPINIÃO.
Atualmente leciono Língua Portuguesa na Educação de Jovens e Adultos e no Ensino Médio e Informática Aplicada à Educação Infantil para o Curso Normal.
As citações abaixo concluem minha trajetória profissional e me impulsiona a seguir sempre em frente:
"Tão importante quanto o que se ensina e se aprende é como se ensina e como se aprende". (César Coll)
5. BIBLIOGRAFIA:
BAKHTIN, M. Estética da Criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
SOARES, M. B. Linguagem e Escola: Uma Perspectiva Social. São Paulo: Ática, 1985.
VASCONCELLOS, C. S. Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação. 8 ed. São Paulo: Liberdade, 2001. 205 p. (Coleção subsídios pedagógicos, v. 1)
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários á prática educativa. São Paulo: Paz terra, 1996.
COSCARELLI,Carla Viana. Novas tecnologias, novos textos, novas formas de pensar. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
PRETI, Dino (Org.). Fala e escrita em questão. 2.ed. São Paulo: Humanitas.
FÁVERO, Leonor Lopes, ANDRADE, Maria Lúcia C.V.O., AQUINO, Zilda G.O. Oralidade e escrita: perspectivas para a língua materna. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
OFICINAS
Aparecida Germano, coordenadora da E. M. "Argeu Brandão"- Oficina TP4 - Letramento
Raquel professora e Áurea vice -diretora da E. M. "Nicanor Ataíde" dupla fantástica. Relato de experiências TP3 : O texto instrucional
Marluce e Maria Lúcia da E. M. "Maria da Conceição Ataíde" apresentando cartão postal construído pelos alunos do Cocais. Participação, encanto e muito alegria!
Rosângela, só alegria. Professora da E. M. "Argeu Brandão" e coordenadora da E.M. " Maria das Graças Ferreira".Relato de experiências TP4 : Produção de texto.
Celeste , Dilma, Marluce e Maria Lúcia na oficina TP3 - construindo cartaz, anúncios ... Quarteto perfeito, inovação, criatividade ...
Elizabete, Rita Rosineia e Juliana - Oficina de Gêneros textuais. Esse grupo é perfeito!
Aqui é só empolgação! Amigas para sempre...
Raquel em cada encontro muitas novidades. TP4 - Letramento
Adriana Cláudia da E.M. " Paulo Franklin" - TP 4 Letramento. A cada encontro um novo encanto.
Rita Rosineia, Professora da E. M. " Raimunda Coura" e coordenadora da E. M. " Paulo Franklin"- TP 4 - Inferências .
José Célio Magalhães da E. M. " Paulo Franklin" marcando grande presença em nossos encontros. Relato de experiências TP3: Gêneros textuais.
Oficina: Detetive da Palavra - TP 4 . Raquel e Rosângela
Eliane Gatti da E. M. " Maria das Graças Ferreira" - relato de experiências da TP4
Célia Barbosa da E. M. " Nicanor Ataíde" - relato de experiências da TP4 - Letramento
Marlene da E. M. " Paulo Franklin" e Rosângela - Relato de experiências TP4 . Maquete do poema Cidadezinha Qualquer . Grande apresentação!
Celeste,professora e coordenadora da E.M. "Argeu Brandão". O poema, Cidadezinha Qualquer de Carlos D. de Andrade, teve momento especial na TP4, relato de experiências com entusiamo e muita dedicação.
Dilma Reis da E. M. " Argeu Brandão"- Relato de experiências TP4 - Mandala com o poema Cidadezinha Qualquer. Criatividade sempre em alta, show de apresentação!
Rita Rosineia e Juliana - TP4 Oficina 08
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